
O uso da chupeta é um hábito que aparentemente oferece alguns benefícios temporários, como o alívio da ansiedade e a sensação de conforto. No entanto, seu uso prolongado pode trazer consequências negativas para o desenvolvimento da criança, especialmente se for mantido além dos dois anos de idade. Entender os riscos envolvidos ajuda os pais e cuidadores a tomarem a decisão certa para o bem-estar da criança.
1. Impacto no desenvolvimento da arcada dentária
Um dos principais problemas associados ao uso prolongado da chupeta é a interferência no desenvolvimento dos dentes e da estrutura óssea da boca e da face. A sucção frequente pode causar a chamada mordida aberta (quando os dentes superiores e inferiores não se tocam corretamente ao fechar a boca) e mordida cruzada (quando os dentes superiores e inferiores não se encaixam de maneira adequada). Essas alterações podem demandar tratamentos ortopédicos e/ou ortodônticos no futuro, muitas vezes demorados e custosos.
2. Dificuldades na fala e na linguagem
O uso prolongado da chupeta também pode afetar o desenvolvimento da fala. A criança que mantém o hábito por muito tempo pode ter dificuldades na pronúncia de certos sons e atrasos na linguagem, pois a musculatura oral se adapta à posição da chupeta e pode não se desenvolver corretamente. Além disso, o uso constante da chupeta pode reduzir o tempo de interação verbal da criança com os pais e cuidadores, limitando sua exposição a novas palavras e estímulos linguísticos.
3. Aumento do risco de infecções
O uso contínuo da chupeta pode estar associado a um maior risco de infecções, especialmente otites (infecções de ouvido). Isso ocorre porque a sucção repetitiva pode alterar a pressão na tuba auditiva (estrutura que liga o ouvido médio à garganta), favorecendo o acúmulo de fluidos e a proliferação de bactérias. Além disso, chupetas podem ser veículos para a transmissão de germes, aumentando o risco de doenças gastrointestinais e outras infecções.
4. Dependência emocional e dificuldades na transição
A chupeta pode se tornar um objeto de apego emocional para a criança, dificultando o processo de transição para formas mais saudáveis de autorregulação emocional. Crianças que mantêm o hábito por muito tempo podem apresentar maior dificuldade em lidar com frustrações e inseguranças sem a presença da chupeta, tornando o processo de desmame ainda mais desafiador à medida que crescem.
5. Influência na respiração e no sono
Outro fator importante é que o uso prolongado da chupeta pode favorecer hábitos respiratórios inadequados, como a respiração pela boca. Isso pode levar a problemas como ronco, sono agitado e até maior predisposição a infecções respiratórias. Além disso, quando a criança se acostuma a dormir com a chupeta, pode acordar frequentemente durante a noite ao perceber sua ausência, prejudicando a qualidade do sono.
6. Confusão de bicos
Bebês que fazem o uso da chupeta (assim como de mamadeiras) podem não conseguir realizar a pega correta no peito, comprometendo sua alimentação e consequente desenvolvimento, já que o leite materno é o alimento mais completo e necessário para o bebê até, pelo menos, os 6 meses de idade.
Como fazer a transição de forma suave
Para evitar os impactos negativos do uso prolongado da chupeta, é recomendado que o desmame ocorra antes dos dois anos de idade. Algumas estratégias para facilitar esse processo incluem:
Reduzir gradualmente o uso, restringindo-o a momentos específicos, como a hora do sono.
Oferecer alternativas para conforto e segurança, como um brinquedo de apego ou carinho dos pais.
Reforçar positivamente o comportamento da criança, elogiando-a quando consegue ficar sem a chupeta.
Criar histórias e rituais de despedida, como doar a chupeta para um "bebê mais novo" ou trocá-la por um presente especial.
Com paciência e estratégias adequadas, é possível ajudar a criança a abandonar a chupeta de forma tranquila e natural. Consulte um odontopediatra e uma fonoaudióloga assim como outros profissionais atuantes na saúde infantil para receber orientações adequadas e assim tomar decisões que impactarão positivamente por toda a vida da criança.
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