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Onicofagia: seu filho rói as unhas?

  • Foto do escritor: Equipe Dra. Eliane Garcia
    Equipe Dra. Eliane Garcia
  • há 4 dias
  • 4 min de leitura
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O hábito de roer unhas, conhecido pelo termo técnico Onicofagia, é bastante comum na infância — muitas vezes descrito como um comportamento que começa como uma “mania” e pode persistir se não for adequadamente tratado.

 

Quando observado do ponto de vista da odontopediatria — isto é, dos cuidados com a saúde bucal de crianças — esse hábito merece atenção especial, porque seus efeitos vão além da unha em si: envolvem dentes, gengivas, articulações e até o ânimo emocional da criança.

 

A seguir, vamos ver por que roer unhas traz malefícios, especialmente para a saúde bucal da criança, e como os pais e cuidadores podem agir para evitar e interromper esse hábito.

 

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Por que a onicofagia ocorre em crianças

 

A roer unhas pode começar ainda na infância, a partir dos 3–4 anos, e em muitos casos se prolonga na adolescência.

 

Os motivos não são únicos: geralmente incluem ansiedade, estresse, tédio, imitação de adultos ou outros irmãos, insegurança e até hábitos anteriores como chupar dedo.

 

Em termos odontopediátricos, esse hábito se enquadra como um dos “hábitos bucais deletérios” ou ‘parafuncionais” — ou seja, comportamentos orais que podem prejudicar o crescimento e a posição dos dentes.

 

Quais são os malefícios — foco na odontopediatria

 

Aqueles que afetam diretamente a boca e dentes

 

Ao roer as unhas, a criança aplica repetidamente forças atípicas sobre os dentes, especialmente os incisivos superiores, o que pode levar a desgaste do esmalte dentário, fraturas ou fissuras.

 

Estudos mais recentes mostram que entre jovens com onicofagia há alterações significativas na forma, inclinação e comprimento dos incisivos superiores — ou seja, não se trata apenas de desgaste superficial, mas de mudanças anatômicas.

 

Pode haver também impacto na posição dos dentes (maloclusões): por exemplo, crianças que roem unhas apresentam maior prevalência de mordida aberta anterior, cruzada ou sobremordida excessiva.

 

Além disso, as unhas e a área ao redor são porta de entrada para microrganismos — ao levar o dedo à boca a criança acaba transportando bactérias ou vírus que podem comprometer gengivas, mucosa bucal e até causar infecções.

 

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Impacto mais amplo: articulação, musculatura e bem-estar

 

O ato repetitivo de morder unhas exige movimento constante da mandíbula e músculos faciais, o que pode gerar tensão ou desconforto nas articulações temporomandibulares (ATM) ou até predispor à disfunção temporomandibular.

 

Do ponto de vista emocional, esse hábito muitas vezes está ligado a ansiedade ou insegurança. Em crianças, essas causas emocionais precisam ser consideradas, porque o simples fato de roer unhas pode refletir insegurança ou dificuldade de lidar com estímulos.

 

Como evitar e intervir: orientações para pais e cuidadores

 

A seguir estão sugestões práticas com foco na abordagem odontopediátrica e no ambiente familiar:

 

Observação e conversa consciente

 

Avalie o momento em que a criança está mais propensa a roer unhas (tédio, filmes, tarefas, escola, antes de dormir).

 

Converse com a criança em linguagem apropriada: explique que morder unhas pode “machucar os dentinhos”, “deixar os dentes cansados”, “entrar bichinhos invisíveis na boca” etc. Evite usar punições severas ou críticas que possam gerar mais ansiedade.

 

Incentive a criança a expressar se algo a está deixando nervosa ou incomodada — às vezes é uma forma de alívio, e a raiz precisa ser identificada.

 

Intervenções práticas no dia a dia

 

Mantenha as unhas da criança bem aparadas, limpas e lixadas nos cantinhos — isso reduz a “tentação” física de roer.

 

Ofereça alternativas para as mãos e boca ficarem ocupadas: brinquedos de manipulação, massinha de modelar, atividades artísticas, esportes.

 

Crie um sistema de reforço positivo (estrelas, elogios) para quando a criança passa certo período sem roer.

 

Trabalhe o ambiente: por exemplo, se ocorre em momentos específicos (como enquanto vê TV), introduza um “intervalo para as mãos” com algo alternativo antes de ligar a TV.

 

Cuidados junto ao odontopediatra

 

O ideal é a criança fazer o acompanhamento profissional desde a mais tenra idade, sendo imprescindível no surgimento do primeiro dentinho.  Se o hábito de roer unha já estiver presente por tempo prolongado ou se houver sinais de desgaste dentário, fissuras ou maloclusão se torna ainda mais imprescindível a consulta, na qual o profissional irá orientar especificamente sobre controle da força mastigatória, dar recomendações sobre placas de mordida se houver risco de ATM, e monitorar o crescimento dentário/ósteo-maxilar.

 

Em casos mais persistentes, pode haver interação com psicólogo ou terapeuta para tratar a ansiedade ou o mecanismo emocional subjacente.

 

Evite reprovação ou castigo

 

Evite expressões do tipo “pare de roer agora ou vai ter aparelho” apenas como ameaça — isso pode gerar ansiedade adicional e fortalecer o hábito como autoconforto.

 

Prefira encorajamento, paciência e suporte. Lembre-se de que o hábito pode levar tempo para desaparecer.

 

Mensagem final para pais

 

Se o seu filho rói as unhas, saiba que não é apenas estética — há verdadeiros riscos para os dentinhos, gengivas, articulação da mordida e até para o bem-estar emocional. Quanto antes esse hábito for abordado, melhor será o resultado — e a abordagem da odontopediatria (junto com cuidados em casa e atenção emocional) pode fazer diferença.



 
 
 

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